Pare de se preocupar com sua idade enquanto é tempo

Por que eu não conto meus anos de vida como as outras pessoas

Hoje eu estou ficando um pouco mais velho e, como presente, eu quero fazer com que meus leitores se sintam um pouco mais jovens!

Vendo dessa forma, parece que um terço da minha vida já se foi. Ampliar. O texto a seguir foi escrito por mim no início do ano, em inglês, na comunidade Get Motivated do site Reddit, e ele repercutiu tão bem que eu resolvi traduzí-lo e adaptá-lo para publicá-lo aqui no meu próprio site.

O assunto em questão era a perspectiva de tempo de vida contada através de semanas, demonstrada em um recurso gráfico que sugeria que nós temos pouco tempo restante, e, por isso, devemos usá-lo sabiamente.

Isso é verdade, mas o gráfico em questão é um tanto desesperador. Ele dá uma impressão de que, mesmo pessoas jovens, já gastaram grande parte de seu tempo de vida disponível e têm apenas pouco tempo restante. Ele parece dar um choque de realidade, uma mensagem de que a vida é curta que, curiosamente, não se assemelha aos conselhos normalmente vindos dos mais velhos, que são os que deveriam saber melhor sobre isso.

A minha teoria é que a razão pela qual a idade choca tanto aos jovens é porque nós começamos a contá-la do zero.

Para entender melhor: Você nasce, e 12 meses depois você já ‘desperdiçou’ um ano da sua vida. Isso é mais que 1% do total. Gasto fazendo nada mais do que mamando, dormindo e sujando fraldas.

Agora, a gente sabe o quão ridículo seria para um bebê de 1 ano olhar para trás e dizer “Caramba, que desperdício foi meu último ano”. No entanto, nós achamos absolutamente normal quando alguém de 30 anos que nunca se casou, ainda mora com os pais e não tem um bom emprego olha para trás e diz “Caramba, que desperdício foram meus últimos 30 anos”. Só que o primeiro ano de vida foi ‘desperdiçado’ exatamente da mesma forma tanto pelo bebê de 1 ano quanto pelo adulto de 30. Então porque nós os tratamos de forma diferente?

A razão é que nós estamos muito ligados aos números, e números não contam a história toda. Quando nós comparamos os últimos 10 anos de uma pessoa com 20 anos de idade e de uma com 30, eles contam histórias totalmente diferentes, com diferentes expectativas, trajetórias e conquistas. A pessoa de 30 anos pode ter construído todo caminho ao auge da sua carreira nesse tempo, enquanto a de 20 estava muito ocupada com sua transição para a fase adulta, e, talvez, com alguma sorte ela tenha conseguido ao final um diploma e/ou um emprego.

Então, se a pessoa de 30 na realidade não conseguiu conquistar nada de importante neste ponto, ela pode pensar que ela gastou quase metade da sua vida sem realizar nada, e que agora ela só tem outra metade para tentar fazer algo que relevante. Mas, na verdade, 20 anos desse tempo perdido supostamente são anos improdutivos para todo mundo de qualquer forma, por isso é mais realista dizer que ela desperdiçou apenas os últimos 10 anos, o que significa que ela ainda tem mais vários ‘pacotes de 10 anos’ para tentar fazer algo diferente.

Por isso eu proponho que nós comecemos a contar a idade como “anos produtivos”, iniciando a partir da idade adulta.

Por exemplo, eu inicio a minha própria contagem a partir dos 18 anos, que foi quando eu entrei no meu primeiro emprego e comecei a tomar minhas próprias decisões e assumir o controle da minha própria vida. Eu tenho 24 agora, o que significa que em minha contagem eu tenho a idade de 6 anos produtivos. Quando eu chegar aos 30 anos, eu terei completado 12 anos produtivos, o que significa que o que quer que eu tenha feito até agora, se eu mantiver o mesmo ritmo, eu serei capaz de dobrar até esta idade. Ou, mesmo caso eu tenha feito tudo errado até então, eu ainda tenho a mesma quantidade de tempo produtivo disponível para corrigir meus erros até os 30.

E se eu atingir os 30 anos (12 a.p.) e ainda não tiver conquistado nada? Bem, ainda assim não há porque me desesperar, porque, como a expectativa de vida* no meu país é de 72 anos (ou 54 a.p.), eu ainda tenho mais 42 anos produtivos sobrando. Isso é 3,5 vezes mais o total de vida produtiva que eu terei vivido até então. 3,5 mais chances de consertar tudo que eu possa ter feito errado, mas com mais conhecimento e experiência. 3,5 vidas a mais para dar o meu melhor! E isso aos 30 anos, quando tipicamente as pessoas começam a entrar em crise.

Isso não quer dizer que eu não deva começar a tentar dar o meu melhor desde já. Quanto mais cedo, melhor, mas isso significa que eu não devo me preocupar tanto com minha idade como os números costumam me fazer pensar que eu deva.

Então lembre-se: Números não contam toda a história. Use seu tempo sabiamente, mas não se esqueça que você ainda tem tempo o bastante.


*: Uma nota sobre expectativa de vida: Ela apenas diz a média da idade em que as pessoas morrem. O que significa que se você tem uma população de 9 pessoas que vivem até aos 50, e uma que morre logo que nasce, a expectativa de vida dessa população é de 45 anos. Mas contanto que você não seja esse bebê desafortunado, você vai viver 5 anos a mais que o ‘esperado’.

Os dados de expectativa de vida incluem pessoas que morreram em qualquer idade, e o resultado disso é que as pessoas geralmente vivem mais que o número dado pela expectativa de vida, uma vez que elas atingem a fase adulta. Quanto mais velho você fica, menores são as suas chances de viver apenas até sua expectativa de vida. Então não se preocupe tanto com mais esse número. Você provavelmente vai viver mais do que isso.


Texto original (em inglês)